Washington e Nova York. Donald Trump chegará à Casa Branca em um momento em que o número de pessoas indocumentadas cruzando a fronteira do México com os Estados Unidos está em seu nível mais baixo desde 2020, como resultado de medidas severas impostas pelo presidente em exercício Joe Biden, os esforços do México para evitar a saturação da zona fronteiriça e os efeitos da retórica anti-imigrante do presidente empossado.
Apesar das repetidas advertências de Trump e seus aliados de que enfrenta uma invasão de migrantes na fronteira, dados oficiais do governo estadunidense indicam que a intrusão está em pausa como resultado dos esforços dos dois governos para controlar o fluxo. No entanto, uma das consequências é que o número de estrangeiros varados no México em espera de ingressar nos Estados Unidos disparou a níveis nunca vistos na história recente.
Inicialmente, os encontros da Patrulha Fronteiriça com imigrantes indocumentados tentando ingressar nos Estados Unidos dispararam pouco depois de Joe Biden chegar à Casa Branca, uma conjuntura em que também se envolve o fim da pandemia de covid-19, período em que se registrou um aumento da migração em escala mundial.
Apesar de deportar mais indocumentados em 2024 do que Trump em qualquer um de seus quatro anos na Casa Branca, o número de migrantes interceptados ao tentar cruzar aumentou a cada ano, desde pouco mais de 850 mil em 2019, durante a presidência de Trump, até um pico de mais de 2 milhões em 2022 e 2023.
Os países de origem desses migrantes também mudaram. Durante o primeiro governo de Trump, 90% dos que tentavam ingressar nos Estados Unidos vinham do México e da América Central. Em 2023, esse indicador caiu para 55%, explicou Adam Isacson, especialista nos fluxos da Oficina em Washington para Assuntos Latino-Americanos (WOLA, na sigla em inglês).
Mas em 2024, o número de indocumentados tentando cruzar a fronteira desde o México começou a diminuir, e nos últimos dois meses do ano passado, a Patrulha Fronteiriça registrou que o nível de intercepções era menor a 50 mil por mês.
Para o final de 2024, o governo de Biden havia canalizado com sucesso os solicitantes de asilo por vias oficiais mais seguras, os quais antes tentavam chegar de maneira clandestina. O presidente eleito Trump, longe de reconhecer esses mudanças como resultado dos esforços dos Estados Unidos e do México, continua afirmando que não há controle de uma fronteira aberta, argumentando que Biden só está facilitando o ingresso de indocumentados, onde podem viver e trabalhar durante anos enquanto esperam as avaliações de seus casos de asilo.